Geografia
Para o consultor José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública e ex-coordenador de planejamento das polícias do governo paulista, o modo de operação das polícias brasileiras é limitado pela falta de interação entre as forças estaduais.
Ele frisa que, em geral, 20% dos criminosos são responsáveis por 80% dos crimes nas cidades, e 10% das regiões concentram 90% da incidência dos crimes.
— A regra básica é: houve aumento de algum tipo de crime, ele é identificado, repassado para a PM policiar a região e para a Civil ir atrás dos grupos de ação criminosa.
Mas isso não acontece. Os governadores não cobram relatórios nem quinzenalmente, não há uma cultura do desempenho — diz.
Segundo Vicente, o governo de Pernambuco conseguiu melhorar a interação das polícias e reduzir a criminalidade: — Em Pernambuco está sendo implementada uma cultura. O governador (Eduardo Campos) faz reuniões regulares e pede resultado, por regiões. Já na Bahia, houve uma crise grande entre as polícias em 2002 e, até hoje, os policiais continuam desmotivados e separados, enquanto a violência só aumenta.
São Paulo tem todo o instrumental e já teve mais integração e gestão, mas a situação tem piorado.
O diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, avalia que há três elementos importantes: falta de gestão policial, urbanização desordenada no interior e ausência do estado nas periferias. Ele frisa que no Brasil as cidades médias que passaram por urbanizações desenfreadas