Geografia e a modernidade
O professor Paulo C. C. Gomes discute a ideia de modernidade apresentando-a como o território da razão e de um saber metódico e normativo. Para o autor, a modernidade é um campo de tensões, com mudançassutis e graduais que opõem a moderno e o antigo, ou seja, a tradição e o novo. No entanto, o professor destaca que o chamado pós-modernismo, como apregoam autores com A. Giddens, Z. Bauman e M. Maffesoli, não passa de uma parte constitutiva da própria modernidade, que apresenta como característica intrínseca a dualidade entre o velho e o novo.
Este duplo caráter pode ser observado nos chamados polos epistemológicos defendidos pelo autor. O primeiro, racionalista, marcado pela razão, lógica, generalização e não – contradição, se fundamenta num modelo nomotético, que busca leis gerais dentro de um raciocínio matemático. O objetivo é explicar a realidade através da análise, distanciando-se dos fatos e dando ênfase na forma. O segundo polo, não-racionalista e, para muitos, pós-moderno, retira da razão a matriz da uniformidade humana, valorizando o particular, a individualidade e a subjetividade, através de um modelo idiográfico, fundamentado na síntese e na interpretação.
Valoriza as tradições e o único, o espontâneo.
O texto de David Harvey, em “A Condição pós-moderna, também discute o significado do pós-modernismo e se aproxima das ideias de Paulo C. C. Gomes ao se referir ao pós-moderno como parte da modernidade, um processo de renovação que é abordado, dada a formação marxista do autor, a partir da reprodução e dos mecanismos de acumulação do sistema capitalista de produção. Para Harvey, a modernidade envolve rupturas com condições históricas precedentes e a chamada pós-modernidade seria, na verdade, uma revolta no interior da modernidade. No entanto, o autor chama a atenção para os perigos de uma ordem pós-moderna, alegando que rejeitando a ideia de progresso, abandona todo sentido de continuidade e memória