Geografia Tradicional
Em primeiro lugar, havia se alterado a base social, que engendrara os fundamentos e as formulações da Geografia Tradicional. A realidade havia mudado, deixando produtos defasados, aqueles que não acompanharam o ritmo da mudança. O desenvolvimento do modo de produção capitalista havia superado seu estágio concorrencial, entrando na era monopolista. Não se tratava mais de um capitalismo assentado em múltiplas empresas, com burgueses médios concorrendo no mercado. Vivia-se a época dos grandes trustes, do monopólio e do grande capital. Uma revolução tecnológica entrepunha-se aos dois momentos. O liberalismo econômico já estava enterrado; a grande crise de 1929 havia colocado a necessidade da intervenção estatal na economia. Haviam caído por terra as teses da livre iniciativa, da ordem natural e auto-regulada do mercado. Propunha-se agora a ação do Estado na ordenação e regulação da vida econômica. O planejamento econômico estava estabelecido como uma arma de intervenção do Estado. E, com ele, o planejamento territorial, com a proposta de ação deliberada na organização do espaço. A realidade do planejamento colocava uma nova função para as ciências humanas: a necessidade de gerar um instrumental de intervenção, enfim uma feição mais tecnológica. A Geografia Tradicional não apontava nessa direção, daí sua defasagem e sua crise.
Em segundo lugar, o desenvolvimento do capitalismo havia tornado a realidade mais complexa. A urbanização atingia graus até então desconhecidos, apresentando fenômenos novos e complexos, como as megalópoles. O quadro agrário também se modificara, com a industrialização e a mecanização da atividade agrícola, em várias partes do mundo. As comunidades locais tendiam a desaparecer, articulando-se a intrincadas redes de relações, próprias da economia mundializada da atualidade. O lugar já não se explicava em si mesmo; os centros de decisão das