O projeto do segundo Vargas consistia, em linhas gerais, em dividir o governo em duas fases: na primeira haveria a estabilização econômica e consistia fundamentalmente em equilibrar as finanças públicas de modo a permitir a adoção de uma política monetária restritiva e acabar com a inflação. A segunda fase seria a dos empreendimentos e realizações. O projeto se sustentava sobre dois pilares: o saneamento econômico financeiro (sucesso da primeira fase) e o afluxo de capital estrangeiro para financiamento de projetos industriais de infra-estrutura. Um outro pilar importante do projeto traçado foi a formação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU). No discurso de posse de Truman, em janeiro de 1949, em seu ponto IV, foram dadas as primeiras indicações de mudança na posição norte-americana em relação ao financiamento de programas de desenvolvimento para o terceiro mundo. A CMBEU era fundamental para o sucesso da segunda fase do projeto do governo por duas razões: primeiro porque o financiamento dos projetos por ela elaborados pelo Banco Mundial e pelo Eximbank (banco de exportações e importações) asseguraria a superação de gargalos na infra-estrutura econômica do país (setores de energia, portos e transportes) fornecendo as divisas necessárias para essa finalidade. Por outro lado a superação dos gargalos na infra-estrutura poderia propiciar uma ampliação do fluxo de capital estrangeiro por meio de investimentos diretos ou novos empréstimos. Destaca-se também o papel da Assessoria Econômica. Esse órgão foi criado com o objetivo de atender as solicitações da Presidência da República para efeito de assessoramento e planejamento nas questões econômicas. Agindo fora das vistas publicitárias e com independência em relação aos interesses políticos-partidários, a Assessoria Econômica conseguiu levar a cabo um trabalho permanente que acaba por conferir ao Governo uma orientação administrativa que não poderia ser obtida por meio das