Generos Literários
Cícero Galeno Lopes
A palavra gênero se originou do substantivo latino generu(m), que significa família, raça. Mais remotamente, o radical, genus, -eneris (lat.), comunicava várias ideias, como nascimento, descendência, origem. Generu se radica em genos, -eos
(gr.). Daí nasceram vários termos que empregamos diariamente, como gen, genitália, genitor, gênese, gente, congênere, degenerar, indígena etc. Na teoria e na crítica literárias, pelo que se sabe, os primeiros a tratar da questão foram os gregos da Antiguidade. Nesse âmbito, a palavra passou a designar grandes grupos de textos, que se identificam a partir da geração, vale dizer, da concepção de cada texto. Os estudos indicam que os gêneros se estabelecem por temáticas, mas principalmente pelas formas discursivas em que são tecidos os textos. O modo como é tecido o texto permite que seja identificado o gênero que ele integra.
Assim se fizeram as famílias de textos. A partir disso é que podemos agora refletir a respeito do tema.
Foram os românticos, iniciadores efetivos do que se conhece como
Modernidade, que conseguiram subverter as concepções antigas, que se mantiveram até
o
Renascimento.
No
nosso
caso,
isso
se
deu
até,
aproximadamente, ao início das manifestações arcádicas. Alguns árcades brasileiros mexeram nas formas antigas, como fez Basílio da Gama no poema épico O Uraguai (1769). Os românticos misturaram gêneros, espécies e fôrmas antigos e produziram outros. Assim nasceram o drama e o romance. Os românticos partiram do princípio de que os gêneros não são puros. Hoje temos isso bastante claro: não há nada puro nem completo nem perfeito. Pureza, completude e perfeição são idealidades. Basta lembrar que quem primeiro escreveu sobre a questão dos gêneros, na qualidade de diferentes entre si (pelo menos é o que se sabe), foi Platão (427-347 aC), que introduziu a noção de ideia
(idea), como entidade superior à matéria corporal. Daí