Fusão de empresas
A associação entre Pão de Açúcar e Sendas é um exemplo das oportunidades e dificuldades encontradas na união de culturas diferentes
Percorrer os corredores da sede da Sendas, em São João do Meriti, na baixada fluminense, é como viajar entre dois mundos. No andar térreo fica a administração da Sendas Distribuidora, empresa varejista nascida em dezembro do ano passado, após a associação entre os grupos Pão de Açúcar e Sendas. Ali, quem dá o tom são os executivos do grupo de Abilio Diniz. O ambiente é claro, moderno, com poucas divisórias. Os diretores convivem em uma grande sala comum. Dois andares acima fica a sala de Arthur Sendas, o homem que até o início deste ano esteve à frente da maior rede de supermercados do Rio de Janeiro. Católico fervoroso, ele mantém em seu escritório um pequeno oratório e várias imagens de santos, em meio a móveis antigos e fotos que mostram a trajetória de quase 45 anos da empresa.
As diferenças entre esses dois mundos estão longe de resumir-se à decoração. Líder no varejo brasileiro, com um faturamento de quase 11 bilhões de reais em 2003, o Pão de Açúcar prota gonizou nos anos 90 uma das mais espetaculares viradas do capitalismo brasileiro. Ancorado num estilo de gestão agressivo, o grupo tem índices de eficiência comparáveis aos de grandes varejistas mundiais. A Sendas, por sua vez, trilhava uma trajetória inversa. No ano passado acumulou um prejuízo de 163 milhões de reais -- quase 13 vezes superior ao registrado em 2002. Marcada por uma gestão tradicional e familiar, tornou-se pequena demais perto dos líderes. Sua participação de mercado encolheu de 18% em 2001 para 6% em outubro de 2003. Há quase um ano essas duas realidades convivem sob o mesmo teto. Juntas, essas duas companhias estão tentando transformar a antiga Sendas numa nova empresa, com foco na chamada classe C -- a exemplo da marca CompreBem, do Pão de Açúcar, que atua em São Paulo.
Como acontece em vários processos de fusão, a