Fustel de coulanges - cidade antiga

2320 palavras 10 páginas
CAPÍTULO I
CRENÇAS A RESPEITO DA ALMA E DA MORTE

Opiniões que o homem tinha a respeito da própria natureza, da alma e sobre o mistério da morte.
Raça indo-européia, na qual se ramificaram os povos gregos e itálicos.
Encararam a morte não como dissolução do ser, mas como simples mudança de vida.
-pensou que depois desta vida breve tudo acaba para o homem.
*Crença na metempsicose jamais tomou raízes no espírito das populações greco-romanas (na qual espírito imortal, uma vez livre do corpo, ia animar a outro).
- o pensamento segundo o qual as almas entravam em uma morada celeste é de época relativamente recente no Ocidente.
- a alma não passava sua segunda existência em um mundo diferente do em que vivemos; continuava junto dos homens, vivendo sobre a terra.
Mas antigamente acreditava-se tão firmemente que ali vivia um homem, que nunca deixavam de enterrar junto com o corpo objetos que supunham ser-lhe necessários, como vestidos, vasos e armas(4). Derramava-se vinho sobre o túmulo, para matar-lhe a sede; levavam-lhe alimentos, para saciar-lhe a fome(5). — Degolavam-se cavalos e escravos, pensando que essas criaturas, sepultadas juntamente com os mortos, prestar-lhes-iam serviços dentro do túmulo, como o haviam feito durante a vida(6)
Para que a alma se mantivesse nessa morada subterrânea, necessária para sua segunda vida, era preciso que o corpo, ao qual permanecia ligada, fosse coberto de terra. A alma que não possuía sepultura não possuía morada, e ficava errante.
Temia-se menos a morte que a privação da sepultura, pois desta última dependia o repouso e felicidade eterna. o efeito que se atribuía aos ritos e fórmulas da cerimônia fúnebre. Já que sem eles as almas tornavam-se errantes e apareciam aos vivos, era evidente que tais ritos fixavam-nas e encerravam-nas dentro dos túmulos.
A alma que não possuía sepultura não possuía morada, e ficava errante. Em vão aspirava ao repouso, que deveria desejar depois das agitações e trabalhos desta vida; e era

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