Furtado
Alexandre de Freitas Barbosa1
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. Edição comemorativa – 50 anos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.2
Por que fazer a resenha de um livro que virou clássico? Por simples deleite comemorativo? Ou quem sabe se trate de uma não-resenha, já que o livro dispensa apresentações? Será mesmo? Dois motivos me levaram a escrevê-la. Primeiro, porque era importante para mim: sem essa obra eu não seria economista, tampouco historiador, muito menos esta mistura estranha de economista com historiador. Venho, pois, saldar uma dívida pessoal. Mas também – e este motivo é mais nobre – porque a leitura desta obra pode fazer bem às novas gerações e ao país que encontrarão pela frente. Como se sabe, a história de um clássico está sempre se refazendo por meio de sua eterna procissão de leitores. O texto que segue está estruturado em três atos: 1) vida material e afetiva de Formação econômica do Brasil; 2) o porquê do livro ter causado tanto impacto no seu tempo; 3) a razão dele poder continuar a fazer história para quem o percorre depois do governo Lula. Pois então, mãos à obra. Outro dia um colega me perguntou se eu poderia lhe recomendar um bom manual de economia brasileira para cursos de graduação. Minha resposta foi peremptória. Não posso, porque existe Celso Furtado. Justiça seja feita aos outros demiurgos da formação econômica do Brasil, a mera existência de Caio Prado Jr., Celso Furtado e Ignácio Rangel inviabiliza qualquer tentativa de padronização do conhecimento sobre o tema. Pontos de partidas semelhantes conduzem a veredas muito peculiares, que, por vezes, se interpenetram, e outras tantas se apartam.
1 2 Professor de História Econômica do IEB/USP e Doutor em Economia Aplicada pela Unicamp. Muitos dos artigos aqui mencionados foram reunidos e publicados em Formação econômica do Brasil. Edição comemorativa – 50 anos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, porém as