Funil de acesso

Funil de Acesso
Depois de uma década da introdução do uso das cotas raciais para o acesso ao ensino superior no Brasil, às universidades se voltam para as ações afirmativas, mas o tema ainda gera polêmica entre movimentos contra e a favor do sistema.
A contradição é inegável: enquanto o sistema de cotas para acesso ao ensino superior brasileiro completa dez anos de prática e 87% dos brasileiros se dizem a favor de ações afirmativas, segundo pesquisa Datafolha, projetos de lei para instituir esse sistema em todas as universidades públicas brasileiras tramitam há mais de uma década no Congresso Nacional. A polêmica gerada pela destinação de vagas a grupos raciais ou sociais específicos remonta a uma herança histórica de desigualdades, escravagismo e desvalorização do trabalho.
Enquanto o país não tem uma lei nacional que discipline o assunto e os vários projetos de lei que estabelecem reserva de vagas para o ingresso dos negros nas universidades brasileiras continuam apenas no papel e não são votados pelo Congresso Nacional, o debate foi ampliado. A partir da autonomia universitária, as universidades adotam ações afirmativas, tanto raciais como sociais. As cotas destinadas a grupos historicamente excluídos do processo de desenvolvimento social do ensino superior brasileiro têm como objetivo reduzir as históricas desigualdades sociais no Brasil. Aprovadas pelos conselhos universitários ou por lei estadual, muitas instituições de ensino superior oferecem cotas para estudantes negros, índios, alunos formados em escolas públicas, pessoas com algum tipo de deficiência, estudantes de baixa renda familiar ou professores da rede pública, entre outros.
Segundo levantamento realizado pela organização Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), ao longo dos últimos seis anos (2004 a 2010), 158 instituições públicas de ensino superior adotaram algum tipo de cota em seus processos seletivos, totalizando cerca de 330 mil cotistas, 110 mil deles