FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E BÍBLICOS DA ESCATOLOGIA
I.1. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
A. SITUAÇÃO DA PROBLEMÁTICA ESCATOLÓGICA (Libânio-Bingemer 19-57)
1. Paradoxo: O interesse atual pelo tema da escatologia coloca em crise o seu ensino. À relevância, segue-se o esgotamento. A causa seria a distância entre respostas bem definidas do tratado dos Novíssimos e verdadeiras perguntas dos fiéis, seja letrados, seja populares.
2. Passagem: De mero apêndice da teologia, a escatologia torna-se horizonte que ilumina tudo, desde o problema da consciência de Jesus, a pregação do Reino, a fundação da Igreja, até o compromisso social do cristão e o sonho por um mundo novo, até a questão do aquecimento global e a pergunta sobre o destino do planeta e da humanidade.
3. Esgotamento das perguntas e respostas tradicionais: A força crítica da razão iluminista fez caducar muitas perguntas religiosas e teológicas; com isso, a teologia que as respondia também se esgota.
4. Escatologia esgotada: Por causa da configuração apocalíptica do mundo, da visão tripartida pré-científica do mundo (céu em cima, terra no meio, inferno em baixo), da leitura fundamentalista da Bíblia, da imaginação fantasiosa e curiosa sobre acontecimentos misteriosos, criou-se uma escatologia que era reportagem antecipada e fantasiosa do fim. Visão fisicalista do céu, do purgatório e do inferno. Imaginário vivaz e colorido das catástrofes finais (queda das estrelas, escurecimento do sol e da lua, dilúvio universal, produção do caos pela fusão do elemento sólido e líquido, incêndio global). Impulso imaginativo apoiado nas metáforas bíblicas: terror do inferno (a temperatura de seu fogo!), beleza do céu (número dos anjos!). Perspectiva pastoral-missionária da escatologia: pregação na base do medo do inferno, do horror das penas do purgatório; com imaginário que se alimenta não de reflexões abstratas, mas de imagens concretas. Resposta ao instinto profundo no homem de curiosidade sobre as realidades últimas: