Resenha critica sobre a cristandade
A Cristandade nada mais é do que um sistema de relações da Igreja e do Estado numa determinada sociedade e cultura, sendo a primeira modalidade dessa considerada como “constantiniana”. Dentre as suas características temos: o cristianismo apresentou-se como uma religião de Estado, obrigatória, portanto, para todos os súditos; a relação particular da Igreja e do estado deu-se num regime de união; a religião cristã mostrou tendência como uma religião de unanimidade, multifuncional e polivalente.
Nesse contexto, a Cristandade medieval ocidental foi de certa forma, a continuadora da Cristandade antiga, dos séculos IV e V. Sendo que naquela, a religião tendia a fornecer a explicação e justificação das relações sociais no plano das representações e discursos, e a constituir o sistema das práticas e comportamentos coletivos destinados a reproduzir estas relações sociais. Além disso, a religião também podia servir para reduzir os antagonismos nas relações entre os homens e a natureza, superando-as no campo simbólico, evidenciando o papel ideológico desta.
Sendo assim, ao tratar das práticas sociais decorrentes das relações sociais essas eram percebidas não como uma imposição, mas como atos voluntários ou como deveres morais e religiosos. Visto que, como a ordem natural e a ordem social eram consideradas equivalentes e garantidas pela ordem divina (sobrenatural), as relações sociais eram simultaneamente naturalizadas e sobrenaturalizadas. Ou seja, tratava-se da compensação da situação presente sofrida pelo homem, na esperança de uma salvação futura.
No entanto, toda a quebra do equilíbrio destas relações sociais por alguma forma intolerável de arbítrio, toda a contradição, tornada insustentável, entre a ideologia religiosa e a situação vivida, forjavam formas de protesto social e geravam movimentos de contra-legitimação que se expressavam igualmente em termos religiosos. Tendo em vista isto, a Cristandade medieval propôs três soluções: