Fundamentos da mente
1. INTRODUÇÃO
O estudo das ocorrências históricas, na medida em que buscamos contextualizar os problemas que percorrem o nosso período histórico aos problemas recorrentes em períodos distintos da história, não pode se dar somente em um aspecto negativo, isto é, não devemos olhar para a história apenas como um instrumento que nos permite guiar nossas ações de tal modo que evitamos incorrer em erros que os homens de outras épocas cometeram. Devemos, por outro lado, situar o estudo da história em um contexto positivo no qual a imitação dos atos bem sucedidos sejam vistos como ferramentas heurísticas que nos permitem pensar os problemas da atualidade com maior clareza. É neste sentido, portanto, que podemos situar a discussão republicana de Maquiavel em sua obra Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Roma enquanto exemplo de república bem sucedida é tomada por Maquiavel como ponto de partida para se discutir os fundamentos sobre os quais se deve erigir uma república, o que lhe propiciará o ensejo para contextualizar as discussões relativas à manutenção desta mesma república. Neste sentido, Roma enquanto exemplo histórico de república deve ser vista, conforme apontamos inicialmente, não somente como um modelo do qual tiramos proposições negativas que explicitam aquilo que não deve ser feito ao se constituir uma república. Roma é antes um modelo ao qual devemos olhar de modo positivo, explicitando os aspectos bem sucedidos de suas ordenações, de modo que, a partir do estudo destas ordenações, possamos pensar os problemas referentes a outros contextos históricos tendo Roma como ideal de imitação. Neste contexto, Maquiavel, especialmente nos dezoito primeiros capítulos do Livro I dos Discursos, faz uma análise detalhada do surgimento das repúblicas, da situação de seus fundamentos e de sua manutenção ao longo do tempo, tendo como norte argumentativo o exemplo de Roma. Assim, Roma é,