Fundamentos da História
Um desses exageros está na história de Roma, na qual Rômulo, seu fundador, era filho do deus Marte, que foi amamentado por uma loba e que marchou com mil homens até a aldeia dos sabinos e combatido seus vinte e cinco mil soldados.
Voltaire dizia que, às vezes, as coisas prodigiosas e improváveis devem ser relatadas, mas apenas como provas da credulidade humana, no campo das opiniões e tolices. Para ele, se quisermos conhecer um pouco da história antiga, devemos verificar a existência de monumentos incontestes.
Um desses monumentos citados por Voltaire é a coletânea de observações astronômicas feitas na Babilônia durante 1900 anos seguidos e que foram enviadas à Grécia por Alexandre, o que prova, segundo ele, a existência dos babilônicos vários séculos antes, pois a artes nada mais são do que a obra do tempo.
A utilidade da história, segundo Voltaire, reside no fato de que podemos nos utilizar dos fatos pretéritos, para antever e prevenir eventos futuros. Histórias de tiranos nos alertam para não confiar todo o poder de uma nação à apenas uma pessoa. Eventos com exércitos que foram destruídos pela fome em regiões inóspitas, dizem aos generais para não ir para uma batalha sem suprimentos.
A história moderna mostra claramente, ainda segundo Voltaire, que quando uma nação se acha demasiadamente preponderante, as demais se insurgem contra ela, na tentativa de manter um certo equilíbrio. Esse equilíbrio era desconhecido pelos povos antigos, o que fez com que Roma tivesse o domínio que teve.
Se a história fugir aos olhos das nações, há o perigo de flagelos passados voltarem a atingir a humanidade, pois não haveria nenhuma precaução