freud e a doenças

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São conhecidos e freqüentemente lembrados dois exemplos de organizações de grande resistência ao adoecimento físico: o autismo, que parece incompatível com as doenças comuns da infância, de modo que o surgimento delas em crianças autistas costuma estar associado à melhora de seu quadro; e a psicose, que parece servir de eficaz proteção imunológica, especialmente quando em estado de descompensação. O que poderia haver nessas organizações que favorecesse tal estado de “saúde física”? Ou ainda: as diversas dinâmicas psíquicas seriam diferentemente vulneráveis à disfunção fisiológica? Estas perguntas seriam cabíveis em uma perspectiva psicanalítica?

Há um desconforto na psicanálise com investigações que incluam processos do corpo biológico. Tendo se diferenciado da medicina, e constituído seu campo pela delimitação de um psíquico irredutível ao somático, como poderia avançar para além de suas fronteiras? Caso o faça, não comete um abuso simétrico e oposto àquele que atribuímos às neurociências, em sua pretensão de abarcar o psíquico? De qualquer modo, as incursões psicanalíticas pelo campo da chamada psicossomática são um fato. E antes que se possa colocar os aventureiros em qualquer tribunal, propomos recuperar, embora de modo muito resumido, algumas das principais propostas feitas a esse respeito por psicanalistas1.

Freud, ao que tudo indica, não se interessou em estender ele mesmo a psicanálise ao campo das desorganizações somáticas2. A hipótese da conversão indicava que conflitos psíquicos podiam produzir sintomas corporais, mas neste caso a materialidade do distúrbio não exigia qualquer dano estrutural. Pelo lado das neuroses atuais, havia sem dúvida uma perturbação neurovegetativa, mas então o que faltava eram os complexos psicológicos; nada se encontrava nesse quadro, malgrado sua determinação sexual, que justificasse situá-los como psiconeuroses. Então, pela via freudiana, teríamos a tendência de não misturar os dados: realidade psíquica, “realidade

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