FREIRE PED
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
ESTUDOS DE SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Bruno Ribeiro Saldanha
A PEDAGOGIA DO OPRIMIDO EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO
Apesar de Paulo Freire ter escrito a obra Pedagogia do Oprimido à sua época, podemos constatar, à luz da década atual, a mesma contradição opressores-oprimidos reconhecida pelo autor em sua respectiva obra. Se pensarmos em algumas situações vivenciadas pelos jovens de hoje, como o “Funk Ostentação”, poderemos afirmar que a busca pela humanização, da qual Freire justifica a necessidade da Pedagogia do Oprimido, continua sendo a busca pelo posto de opressor, e não a do ser mais. Ser mais neste contexto aparece como desumanização, uma distorção em termo. A sociedade avançou em muitos aspectos, inclusive no que tange ao reconhecimento por parte dos oprimidos da situação opressora, no entanto, como nos orienta Freire, o reconhecimento da situação opressora não configura a superação da contradição opressores-oprimidos. Talvez este reconhecimento, aliado aos mecanismos opressores do sistema de ensino, tenha auxiliado a reafirmação desta contradição. As escolas em muito continuam contribuindo para a reafirmação das desigualdades sociais, dissimulando esta situação, e com isso desumanizando os indivíduos das classes populares. A escola, conforme denuncia Bourdieu em sua obra A Reprodução, cumpre cuidadosamente o seu papel de geradora de um habitus para além do ambiente escolar, o que evidentemente não se transpõe com a “igualdade” com que se orienta o ambiente escolar: na vida real a sociedade está explicitamente dividida, e o aluno que acumula “fracassos escolares” por não reconhecer em si as capacidades essenciais esperadas pela escola, interioriza o sentimento de inferioridade, gerando então a dualidade opressor e oprimido com mais intensidade. Esta imposição do ser menos aos oprimidos é o que, em grande parte, gera o sentimento de reconhecimento da opressão, com o qual os