Franz boas e o particularismo histórico e cultural

Franz Boas – Particularismo Histórico e Cultural

Escrever qualquer apresentação de Franz Boas, ainda que brevemente, não está entre as tarefas mais simples. Considerado um dos fundadores da moderna antropologia americana, Franz Uri Boas, nascido em Minden (Prussia/Alemanha) em 1858, naturalizado norte-americano no inicio do século XX, deslocou certas questões antropológicas colocadas em sua época. Dentre alguns dos pontos centrais de suas críticas, está o deslocamento do então conceito de “Cultura” dos evolucionistas de uma concepção de desenvolvimento unilinear, para uma noção relativista, pluralista e holística – “culturas” – historicamente condicionada. Filho de comerciantes judeus, Boas iniciou seus estudos em física (Heidelberg, Bonn e Kiel), defendendo sua dissertação, em 1881, sobre a absorção da luz pela água. Doutorou-se em física, travou debates dentro da geografia e formou as bases da antropologia moderna. Stocking Jr. (2004), ao falar deste “alemão profundamente arraigado às tradições intelectuais de sua terra natal” (p.15), aponta como o “espírito historicista do idealismo romântico” e a “filosofia áspera do materialismo monístico” teriam sido algumas das influências do pensamento de Boas (p.24). Se historiadores e físicos divergiam quanto determinadas questões referentes à abordagem dos fenômenos, Boas não abriu mão de nenhuma, pelo contrário, como veremos Boas manteve certos objetivos da ciência, mas atribuiu anterioridade à história na pesquisa antropológica. Assim, seus pressupostos teórico-metodológicos colocaram certos tipos de questões antropológicas em destaque modificando os termos dos debates travados até então. As contribuições de Franz Boas podem, em um primeiro momento, parecer estar concentradas em torno das críticas elaboradas pelo autor ao evolucionismo. Contudo, não podemos reduzir suas contribuições a sua crítica, embora, é claro, seja de relevância para a antropologia. O ponto central do evolucionismo