Foucault: saber e poder
Logo após ser reconhecido no começo dos anos 60 como um dos mais importantes pensadores franceses, Foucault conheceu Daniel Defert, um estudante de filosofia e ativista político de esquerda. Gay e dez anos mais novo, Defert se tornaria o amante de Foucault pelas próximas duas décadas. Naquele momento, o trabalho de pesquisa documental de Foucault renderia o livro “O nascimento da clínica: uma arqueologia da percepção médica”. Mostrou nessa obra como no início do século 19 a medicina clássica, que buscava eliminar a doença, deu lugar à medicina clínica, cujo foco é trazer o paciente “de volta ao ‘normal’”. Na sequência, ele lançaria outra obra essencial: “As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas”. Nesse trabalho, Foucault desenvolveu seu conceito de episteme, que é muito semelhante ao que o historiador das ciências Thomas Kuhn desenvolvia ao mesmo tempo nos Estados Unidos com o nome de “paradigma”. Assim, para ambos, o nosso modo de pensar é sempre determinado por uma episteme ou um paradigma.
Em 1964, Defert foi para a Tunísia dar aulas – uma alternativa ao serviço militar para o qual fora convocado. Foucault foi junto como professor visitante na Universidade de Túnis. No período em que está na Tunísia, Foucault se envolve no ativismo político ao se engajar nas manifestações contra o regime local. Enquanto estava por lá, Foucault acaba acompanhando desesperadamente de longe os eventos do maio de 1968 em Paris. O ativismo de Foucault ao lado dos jovens populariza sua filosofia como um instrumento político. Ao voltar a Paris, Foucault assume a moderna e experimental Universidade de Vincennes e é indicado para o consagrado Collège de France.
Fortemente influenciado por Nietzshe, Foucault afirma que o conhecimento sempre tem um propósito: se caracteriza pela vontade de domi nar ou apropriar, além disso, ele é buscado por sua utilidade, é potente e instável. Para ele, a vontade de buscar a verdade não passa de uma