Formação e Evolução da Rede Urbana Brasileira
Procuramos demonstrar que as formações urbanas brasileiras devem ser objeto de interesse científico; que não constituem um conjunto de dados aleatórios mas são parte de uma estrutura dinâmica - a rede urbana - que deve ser compreendida, quando se almeja o conhecimento daquelas. Que essa estrutura está sujeita a um processo de origem social - processo de urbanização - que determina o aparecimento daquelas formações, cuja explicação exige o conhecimento do sistema social da Colônia, Do qual se desenvolve, e da política de colonização portuguesa, no seu sentido mais amplo. Que as relações entre a política de colonização e o processo de urbanização expressam-se por uma ordem eventualmente elaborada em teoria mas necessariamente elaborada na prática, que é a política urbanizadora. Procuramos, finalmente, através de um trabalho de reconstrução histórica, determinar os mecanismos das mudanças ocorridas nesse processo, ou seja, contribuir para o conhecimento dos mecanismos da Evolução Urbana do Brasil.
No desenvolvimento desse esquema, os fatos urbanos em seus aspectos espaciais foram tratados em dois níveis distintos. O nível mais amplo, a rede, como o conjunto ordenado dos elementos espaciais e o nível mais restrito, o núcleo, como parcela ordenada e a unidade daquele conjunto. No estudo dos núcleos, procurou-se identificar, ainda que de forma sumária, o modo pelo qual as características dos principais tipos de edifícios são determinadas pela maneira segundo a qual se inserem no quadro social e espacial dos centros urbanos.
Em 1957, a gentileza de José Maria de Albuquerque Mello colocou-nos nas mãos um trabalho de Mário Chicó sobre a urbanização portuguesa na Índia. A leitura dessa obra (1) levou-nos a perceber algumas diferenças fundamentais entre a orientação que assumia aquele processo e a que, segundo alguns autores, os portugueses haviam imprimido à urbanização no Brasil, durante todo o período colonial.
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