Formação socioeconômica do equador
138 Diplomacia, Estratégia & Política nº 10 – Outubro/Dezembro 2009
“Os países da zona temperada, exportadores de produtos agrícolas (Argentina,
Uruguai e em menor grau o Paraguai) substituíram os países mineiros conforme meta estabelecida pelo capital britânico, enquanto os países exportadores de produtos tropicais continuaram ocupando uma posição secundária. São muito conhecidas as causas da progressiva concentração dos investimentos britânicos nos países agrícolas da zona temperada. Desde
1880, a entrada de capitais britânicos permitiu a aplicação em grande escala de algumas inovações técnicas (cercas de arame farpado, congelamento de carne, etc.), podendo os países do Rio da Prata aumentar suas vendas de carne e cereais ao Reino Unido. A expansão das exportações e, em conseqüência, o aumento da entrada de divisas, motivou os capitais britânicos a incrementar os investimentos nesses países.”13
Enquanto os governantes equatorianos preocupavam-se em equacionar os problemas da dívida externa, a fim de que o país obtivesse prestígio de solvência em nível internacional e, dessa maneira, obtivesse novos empréstimos e investimentos estrangeiros, os motores do capital estrangeiro na América Latina eram outros.
É exemplar, a respeito, que o presidente Antonio Flores buscasse melhorar as relações do Equador com os países estrangeiros por meio da renegociação da dívida inglesa, para conseguir o ingresso de capitais de que o país precisava para a construção da ferrovia.
A acumulação originária
Deve-se advertir, por outro lado, que o processo de acumulação originária pelo qual passou o Equador no século XIX, tem características lentas e dependentes do comércio exterior. O Equador daquele século era um país sem infra-estrutura e, sobretudo, desintegrado. Na região dos Andes, ocorria um apogeu das relações feudais de produção, enquanto que na costa, houve um desenvolvimento do capitalismo em função das exportações