Fisica
Dos treze aos vinte e cinco anos, João Romão, imigrante português, trabalha para um conterrâneo em uma venda no Botafogo. Quando o patrão retorna a Portugal, deixa-lhe a venda como parte do pagamento de seus salários. Põe-se ele, então, a trabalhar como besta de carga, como possuído de uma febre para enriquecer.
O vendeiro conhece Bertoleza, escrava de ganho, trabalhadora incansável como ele, quitandeira de grande freguesia que pagava aluguel de sua liberdade enquanto juntava o necessário para a carta de alforria.
Passam a viver juntos e pouco tempo depois de amigados ele aparece em casa com a carta de alforria, dizendo que havia inteirado o dinheiro para comprar a liberdade da companheira, com o que ela passa lhe ter verdadeira devoção, tornando-se em seguida sua amante, criada e caixeira. Cap. 2
Durante dois anos, o cortiço de João Romão progrediu a olhos vistos, o que atiçava a raiva e a inveja de
Miranda. Enquanto ele viera de Portugal e se achando muito esperto caíra nas garras daquela mulher que lhe enchia de desgostos, a ponto de não conseguir amar a filha, Zulmira, que não tinha certeza de ser sua, aquele vendeiro progredia graças aos seus esforços, sem dever nada a ninguém, apossando-se de tudo que o rodeava, como um animal fero.
Cap.3
Numa quente manhã de dezembro, o cortiço desperta numa confusão de sons e cheiros. Homens, mulheres e crianças lavam-se à vista de todos e se amontoam para fazer suas necessidades matinais. Como em um formigueiro, todos se movimentam para o trabalho, destacando-se o grupo das lavadeiras.
Cap.4
Quem esperava por João Romão era o Jerônimo. Português como ele, vinha em busca de uma vaga de mestre na pedreira do vendeiro. Depois do almoço, foram os dois, debaixo do sol escaldante, até a pedreira, onde o homem forte como Hércules enxergou imediatamente o mau serviço que se fazia. Convenceu
João Romão a pagar-lhe um salário maior do que pretendia, mas como o empregado