Filósofo
O documentário “Carne e osso” retrata as condições de trabalho às quais são submetidos os operários dos frigoríficos das regiões Sul e Centro-Oeste. Esse documentário ilustra em detalhes a rotina cansativa e doentia que são impostas aos trabalhadores desse ramo alimentício. Os princípios de produtividade que orientam essas empresas terminam por refletir, nos seus funcionários, suas mazelas. Em outras palavras, os trabalhadores, impregnados pela mentalidade produtivista, são veementemente pressionados a produzir cada vez mais. E, com toda certeza, não sem produzir reflexos na integridade física e psíquica do trabalhador.
O curta-metragem apresenta ao longo de sua duração casos que exemplificam com clareza o panorama em que o país se encontra. Com isso, através do documentário fica clara a jornada de trabalho destas pessoas. Isto é, como é estressante e desgastante para o trabalhador, sem contar o fator da temperatura baixa, que agrava os problemas destes trabalhadores. O ambiente e a jornada, então, passam a ser uma das principais causas de acidente no ambiente de trabalho.
É interessante notar como os relatos dos operários desvelam o sentimento de ingratidão por parte das empresas. Os entrevistados, muitos deles aposentados por invalidez, discorrem como se sentiram descartados. Enquanto eram necessários, a cobrança era intensa. Após perderem suas capacidades para a execução adequada das tarefas, são “jogadas fora” como máquinas danificadas.
Acredito que, a partir dos números apresentados no documentário pela Previdência Social, hoje temos no país uma situação estarrecedora nos ambientes retratados. Sobretudo nos processos produtivos de abate e corte nos frigoríficos, em que estruturas procedimentais são cadenciadas de maneira a proporcionar uma maior rapidez e eficácia na produção da carne. Ou seja, rapidez e eficácia têm que ser conjugadas para que a produção ostensiva se dê segundo os princípios produtivistas que hoje imperam nessas