Filosofia
De onde vem a ordem que vemos no universo?
Contrariamente ao que pensa o senso comum "científico", sabemos pouco mais do que sabia Aristóteles. "Descobertas revolucionárias" se amontoam. O debate se dá hoje, como antes, ao redor da questão: como o acaso pode organizar o pó atômico e "fazer" o olho ver? Como demonstrar empiricamente esse processo ancestral? Os gregos usaram a palavra "lógos" para descrever a perceptível "racionalidade nos elementos". Os cristãos disseram que esse lógos era Cristo. Outras culturas supõem ritmos harmônicos que estabelecem continuamente essa ordem.
A pergunta pela origem eficiente das coisas (Aristóteles) implica outra, essencial: a origem define o destino? Origem e sentido da vida sempre se reuniram na contemplação do lógos eficiente (a ordem). A controvérsia que opõe o darwinismo ao criacionismo (que não significa mulheres de saia e cabelos compridos nem homens autoritários com a Bíblia na mão) - ou teoria do "design inteligente", herdeira direta da união entre o "primeiro motor" aristotélico e o Deus de Abraão - não é apenas uma querela sobre como a poeira cósmica começou a pensar, mas uma discussão acerca do sentido profundo da vida.
Darwinismo
O darwinismo nasce em meio ao naturalismo do século 19 (e seu positivismo e pânico malthusianos) e avança em direção à cosmologia e à psicologia. Na sua face cosmológica, o darwinismo ortodoxo é a forma mais séria de ateísmo que existe. Freud, Marx, Feuerbach e Nietzsche se batem contra as representações históricas de Deus, e só uma filosofia fraca leva esse ateísmo a sério. Atacar Deus "a sério" é enfrentar a herança aristotélica. É "derreter" o designer imaterial, "mostrando" como a mistura de pó, acaso e repetição inercial, ao longo de uma infinidade de tempo, foi capaz de atingir o ato de pensar. O darwinismo é a teoria da autossuficiência