Filosofia

LÓGICA 1

LICENCIATURA: FILOSOFIA
ANO LETIVO: 2013-2014
PROFESSOR: JOÃO ALBERTO PINTO

1

O que é um argumento?

[Definição]
Um argumento é uma sequência finita de proposições, ϕ1 , ... , ϕn , ψ (com n≥1), associada à pretensão de que uma das proposições, ψ, que se diz a conclusão do argumento, tipicamente antecedida por uma palavra ou expressão (designada indicador de conclusão) tal como “logo” ou “portanto”, está justificada pelas proposições ϕ1 , ... , ϕn , que se dizem as premissas do argumento ou, de outro modo, o conjunto de premissas do argumento. (A ordem de surgimento, colocação ou numeração das proposições ϕ1 , ... , ϕn é irrelevante quando se fala no conjunto { ϕ1 , ... , ϕn } de premissas de um argumento.)
[Notação]
Abreviando o indicador de conclusão por meio de ∴ ou geral, do seguinte modo. ϕ1, ... , ϕn ∴ ψ (n≥1)

, um argumento representa-se, em

ϕ1
...
ϕn ψ (n≥1)

[Observações]
(1) Os argumentos são, num sentido muito geral, o assunto (ou objeto) da lógica. O processo cognitivo que está subjacente à existência de argumentos designa-se, normalmente, raciocínio ou inferência. O que quer dizer também que não há nada de incorreto na ideia, também muito geral, segundo a qual a lógica estuda o raciocínio ou inferência.
(2) A definição de argumento destina-se, antes de mais, a estabelecer alguns requisitos para a identificação – com maior ou menor dificuldade – de argumentos numa língua natural tal como o português. (O requisito mais simples é, claro, a ocorrência de um indicador de conclusão.)
(3) A definição de argumento recorre à noção de proposição, a qual é uma noção filosoficamente polémica. A noção de proposição merecerá adiante atenção especial.
(4) A origem da lógica remonta a Aristóteles (384-322 a.C.) que estudou sistematicamente um género restrito de argumentos – aos quais ainda hoje se chama, por vezes, silogismos categóricos. A definição de argumento não consagra, evidentemente, uma tal restrição.