Filosofia - A Partilha do Sensível - Cap. 2 e 3

Capítulo 2 - Dos regimes da arte e do pouco interesse da noção de modernidade

"Algumas categorias centrais para se pensar a criação artística do século XX - a saber: modernidade, vanguarda e, mais recentemente, pós-modernidade - também tem um sentido político. Estas características parecem-lhe ser de algum interesse para se conceber em termos precisos o que liga o "estético" ao "politico"?"

A partir do momento em que uma determinada pessoa (artista) expõe ao público sua obra de arte, ou alguma opinião, ela está ciente de que terá diversas críticas baseadas no que está expondo, e podemos considerar, de certo modo, que a arte está envolvida na política, e a política na arte. O estético, nos tempos atuais, é muito criticado, e quando criticamos algo, estamos expondo nossa opinião a respeito do que vemos, tornando isto, uma visão política. Tudo se liga em algo, principalmente atualmente. Não conseguimos ter "estética" sem envolver a "política", pois queremos entender exatamente o que o artista está nos passando através de uma imagem.
Mas as noções de modernidade e de vanguarda não foram muito esclarecidas para se pensar as novas formas de arte desde o século XX, muito menos as relações do estético com o político. Elas acabam-nos confundindo duas coisas bem diferentes: uma coisa é a historicidade própria a um regime das artes em geral. Outra, são as decisões de ruptura ou antecipação que se operam no interior desse regime. Ou seja, a noção da modernidade estética explica, sem lhe atribuir um conceito, a singularidade de um regime particular das artes, um tipo específico de ligação entre modos de produção das obras ou das práticas.
No que podemos chamar de arte, existem distinções na tradição ocidental, três grandes regimes de identificação: O regime ético das imagens, no qual a arte não é identificada, mas se encontra subsumida na questão das imagens, onde existe uma dupla questão: quanto à sua origem e, por conseguinte, ao seu teor de verdade e quanto ao seu