Filosofia yanomami
Os yanomamis acreditam em um universo formado por três camadas de terra, finas e sobrepostas – a de cima sempre frágil e prestes a ruir. A situação atual deste povo é como este solo, constantemente ameaçado por multidões de garimpeiros ávidos pela riqueza possivelmente oculta sob o território indígena.
Eles residem em terras que abrangem o Brasil e a Venezuela. Em nosso país há pelo menos quinze mil habitantes, ao longo de 255 aldeias. Alguns estudiosos acreditam que esta nação descende de índios que, durante muito tempo, não tiveram contato algum com o mundo exterior.
De acordo com as histórias yanomamis e textos muito antigos sobre este povo, o núcleo histórico de sua morada localiza-se na Serra Parima, a mais intensamente povoada. A atual disposição geográfica destes índios nasceu dos vários trajetos migratórios que eles desenvolveram a partir do início do século XIX. Estão situados no interior das terras ianomâmis o Pico da Neblina e o Parque Nacional do Pico da Neblina, bem na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, área mais visada pelos garimpeiros.
A expressão ‘yanomami’ tem o sentido de ‘ser humano’, ao passo que a palavra utilizada para indicar os estrangeiros é napë, ‘o não yanomami’. Para este povo, a terra-floresta, ou urihi, não é apenas um ponto a ser economicamente aproveitado, mas sim um organismo vivo, pulsante, integrado a uma rede de relações cósmicas entre Homens e seres não humanos.
Lenda
O xamanismo é, juntamente com o complexo ritual ligado ao tratamento da morte e dos mortos, um dos pilares da cultura Yanomami. As sessões xamânicas, individuais ou coletivas constituem tanto uma atividade regular como espetacular no seio das casas coletivas Yanomami. Cada aldeia conta, portanto, com ao menos um ou dois xamãs - às vezes com mais de uma dezena, como é o caso da comunidade de Watoriki.
Os xamãs fazem, segundo os nossos termos, “descer” e “dançar as imagens” (utupë) dos seres da origem mitológica do mundo e,