Filosofia- karl Marx
As origens históricas da sociedade capitalista, segundo Marx (apud Hunt, 1981, p.239), não estão em uma “sociedade de comportamento econômico frugal e abstêmio de uma elite moral”, como se acreditava. Mas na existência de uma classe operária sem propriedades e outra classe capitalista rica. A esse processo de formação da sociedade capitalista em duas classes, a de proprietários e a de não-proprietários de meios de produção, Marx (apud Hunt, 1981, p.239) denominou de “acumulação primitiva”.
Esta acumulação primitiva desempenha, em Economia Política, mais ou menos o mesmo papel que o pecado original desempenhou em Teologia. Adão comeu a maçã e, desde então, o pecado recaiu sobre a raça humana. Admite-se que a origem dessa história seja apenas uma anedota do passado. Há muito tempo atrás, havia duas espécies de pessoas: umas diligentes, inteligentes e, acima de tudo, formadoras de uma elite frugal; outras eram velhacas, preguiçosas, que gastavam tudo o que tinham levando uma vida devassa... O primeiro tipo de pessoa acumulou riqueza e o segundo tipo só tinha sua pele para vender. Desse pecado original é que veio a pobreza da grande maioria que, apesar de todo o seu trabalho, até agora continua nada tendo para vender, a não ser ela própria, bem como a riqueza de uns poucos, que aumenta sempre .... Na história concreta, é visível que a conquista, a escravidão, o roubo, o assassinato, em suma, a força, é que entram em cena... Os métodos de acumulação primitiva nada têm de poéticos.
O processo de acumulação primitiva surgiu com a desestruturação da sociedade feudal, a qual deu lugar à formação da sociedade capitalista. Com a criação da classe operária, isto é, dos não proprietários de meios de produção, destruiu-se os “vínculos sociais feudais pelos quais a maioria dos trabalhadores garantira seu acesso à terra”. A transformação da “propriedade feudal” na “moderna propriedade privada” mudou as relações econômicas na sociedade.