Filosofia debate
XXI, batizado como o ‘século da biotecnologia’: a chegada da era do pós-humanismo ou transumanismo. Reflete sobre o significado do melhoramento biotecnológico das capacidades humanas biológicas, tais como os relacionados ao prolongamento do tempo de vida, à possibilidade de alteração do tipo de personalidade e inteligência e à reprogramação da mente humana, mostrando que tais processos podem estar propiciando a emergência de um "transumanismo".
Aponta que a genética, a nanotecnologia, a clonagem, a criogenia, a cibernética e as tecnologias de computador, bem como a biogerontologia e a medicina antienvelhecimento, são parte dessa visão pós-humana, que inclui até a idéia de formar uma mente computadorizada, livre da carne mortal e, portanto, imortalizada. Nesse contexto, apresenta os impasses inerentes a essa nova concepção, considerando que se para os pós-humanistas a biologia, a natureza humana tal como a conhecemos hoje, não é um destino, mas antes algo que deve ser superado e modificado, para outro grupo de pensadores, os chamados bioconservadores, tais aportes não passam de mero cientificismo a ser combatido. Frente a tal debate, este artigo aponta a importância de, no momento atual, oscilante entre ameaças e esperanças, ideologia e utopia, adotar referenciais éticos para discernir quais dessas transformações são salutares e quais são destrutivas – as que se precisa evitar.
Leo Pessini
Professor doutor no mestrado stricto sensu em Bioética do
Centro Universitário São Camilo
Um dos maiores desafios para a bioética neste início de século
XXI, batizado como o ‘século da biotecnologia’, refere-se aos primeiros sinais que inauguram a chamada era do pós-humanismo ou transumanismo. Tratar-se-ia de uma versão contemporânea de Prometeu, o titã grego que roubou o fogo sagrado dos deuses? Ou seria mero cientificismo a ser combatido, que pretende uma