filosofia da ciência
Introdução
O que é filosofia da biologia?
Paulo C. Abrantes
O objetivo desta Introdução é caracterizar a filosofia da biologia como área de investigação autônoma, tomando como exemplos, sobretudo, os problemas com que lidam os diversos colaboradores deste livro e as estratégias que utilizam para resolvê‑los.
Não pretendemos, no que se segue, indicar de forma exaustiva os tópicos abordados nos vários capítulos, mas fazer referências seletivas a eles na medida em que ilustrem algum tipo de investigação filosófica acerca da biologia.
A Emergência da
Filosofia da Biologia
Pode‑se dizer que a filosofia da ciência – enquanto área especializada da filosofia e com um foco mais restrito do que a teoria (geral) do conhecimento – estava constituindo‑se na primeira metade do século XIX. Efetivamente, datam dessa época os trabalhos seminais de J. Herschel, W.
Whewell e J. S. Mill.1 A filosofia da ciência atingiu o ápice da sua produtividade e reconhecimento no século XX, quando se institucionalizou efetivamente. Desde os seus primórdios, e em particular no desenvolvimento do programa do empirismo lógico, pode‑se dizer que a filosofia da ciência foi marcada pelo modelo da física, que colocaria os problemas filosóficos supostamente fundamentais e comuns a todas as ciências.
A filosofia da biologia, vista como uma sub rea da filosofia da ciência, só se constiá tuiu e se tornou (relativamente) autônoma nas últimas décadas do século XX, sobretudo nos países anglo‑saxônicos.2 Podemos assinalar os anos de 1970 como um marco.3 Nessa década, alguns filósofos da ciência passaram a dedicar‑se, especificamente, a uma reflexão sobre a biologia (embora sua formação ainda tivesse como referência a tradição formalista e reconstrutivista do empirismo lógico, por mais abalada que estivesse pelas críticas que lhe foram feitas e que se intensificaram nos anos de 1950 e 1960).
Os primeiros livros introdutórios de filosofia da biologia surgiram,