filosofia africana
Filosofia Africana e desenvolvimento
(Reflexões preliminares)
Adelino Torres1
Homenagem a Elikia M´Bokolo e a Ilídio do Amaral e em memória de Alfredo Margarido
Introdução
Os problemas aqui tratados referem-se tanto a alguma filosofia que se faz em África, como a aspectos do “desenvolvimento” económico, aqui entendido no sentido mais lato. Como bem observou Fabien Eboussi Boulaga, dos Camarões, “o subdesenvolvimento tecnológico resulta evidentemente de um subdesenvolvimento no plano do conhecimento racional e científico”2.
Numa primeira parte serão discutidos alguns aspectos históricos da filosofia africana em torno do livro fundador de Placide Tempels, La philosophie bantoue publicado em
1949 e que continua a ser objecto de debate entre filósofos africanos
Na segunda parte, aplicando ideias expostas no ponto anterior, tentarei pôr em relevo algumas ligações entre as ciências sociais, nomeadamente a filosofia e a economia que se refere ao desenvolvimento propriamente dito, destacando a necessidade urgente da sua convergência
*
1
ISEG da Universidade Técnica de Lisboa (ISEG) e Universidade Lusófona de Lisboa
2
Eboussi Boulaga, L´affaire de la philosophie africaine, 2011 : 15.
2
I - Metodologia dos conceitos
Antes de abordar o núcleo das ideias expostas mais adiante, é indispensável referir algumas questões preliminares de terminologia que são parte integrante da metodologia da análise.
Em primeiro lugar a terminologia dita racialista empregue por inúmeros autores que tratam dos problemas africanos merece uma curta apreciação.
Entre as questões preliminares que se levantam a este propósito é a de saber porque é que se fala tão frequentemente de “filosofia negro-africana” e não, quando muito, de
“filosofia africana”?
Com efeito, esta linguagem era compreensível na fase inicial da luta pela independência contra o colonialismo anterior ou posterior à 2ª guerra mundial. Hoje, porém, mais de
50 anos depois das