Filosofando
CONCEPÇÕES ÉTICAS
A civilização científico-técnica confrontou todos os povos, naçã o, culturas com suas tradições morais, culturais e grupais com suas respectivas especificidades.
Pela primeira vez na história da humanidade, os homens estão diante da tarefa prática de assumir a responsabilidade solidária pelas consequências de suas ações , seguindo parâmetros de dimensões planetárias.
(K.-O. Apel)
1. Mito, tragédia e filosofia
Uma das características da consciência mítica é a aceitação do destino: os costumes dos ancestrais têm raízes no sobrenatural; as ações humanas são determinadas pelos deuses; em conseqUência, não se pode falar propnamente em comportamento ético, uma vez que falta a dimensão de subjetividade que caracteriza o ato livre e autônomo. Ao analisarmos a passagem do mito à razão no Capítulo 7 vimos como se deu o processo do advento da consciência critica. Mas há um período intermediário caracterizado pela consciência trágica que representa o momento em que o mito não foi totalmente superado e ainda não se firmou a consciência filosófica.
A tragédia grega floresceu por curto período, e os autores mais famosos foram
Ésquilo (525-456a.C.), Sófocles (496-c.406a.C.) e Eurípedes (c.480-406a.C.).
O conteúdo das peças é retirado dos mitos, mas há algo de novo no tratamento que os autores - sobretudo Sófocles - dão ao relato das façanhas dos heróis.
Tomemos por exemplo a tragédia Édipo -Rei de Sófocles. Nela conta-se que Laio, senhor de Tebas, soube pelo oráculo que seu filho recém-nascido haveria um dia de assassiná-lo, casando-se em seguida com a própria mãe. Por isso, Laio antecipa-se ao destino e manda matá-lo, mas suas ordens não são cumpridas, e a criança cresce em Lugar distante. Quando adulto, Édipo consulta o oráculo e ao tomar conhecimento do destino que lhe fora reservado, foge da casa dos supostos pais a fim de evitar o cumprimento daquela sina. No caminho desentende -se com um desconhecido - e o mata.