Filantropia Estratégica
Stephen Kanitz
A maioria das empresas brasileiras possui uma política filantrópica que poderia resumir-se nas seguintes etapas: pequeno recurso de natureza filantrópica previsto em orçamento; seguidas negativas aos pedidos de recursos e concessão de outros tantos feitos pela filha do prefeito, pelo líder dos vereadores e ou pela irmã de seu maior cliente.
O dinheiro acaba sendo gasto em muitos projetos diferentes, mas, boa parte dele não chega ao destino previsto, seja porque as entidades beneficiadas não são exatamente as mais bem administradas do País, seja porque as causas apoiadas não são necessariamente as mais prioritárias. Apesar da filantropia feita, ninguém se orgulha desses gastos e os consumidores não ficam sabendo do empenho investido. É como jogar fora uma gota d’água no oceano, e mais, a filha do prefeito e sua entidade não mandam nem um cartão de natal, como agradecimento.
O presidente e o acionista da empresa doadora acabam achando, corretamente, que no fundo, as doações são um desperdício e que não acrescentam nada às soluções dos problemas sociais. Como mudar esta infeliz situação para todos?
A filantropia estratégica é uma prática que vem crescendo com sucesso. No caso brasileiro, é a melhor alternativa para as empresas que querem causar o máximo de impacto junto à comunidade com um mínimo de recursos. Em vez de dispersar seus recursos filantrópicos entre uma dezena de entidades, a empresa deve abraçar uma única causa e ficar conhecida por ela.
O Boticário, por exemplo, tem a imagem associada à proteção ao meio ambiente, e a C&A, à educação infantil.
Um banco médio brasileiro doa fortunas a uma série de entidades sem fins lucrativos, um valor bem acima do que seria esperado para um banco de seu porte, mas o depositante médio do banco não consegue associá-lo a um projeto social específico, é porque ele possui uma política de doações, e não uma estratégia filantrópica. Com menos recursos, O Boticário ganha uma visão