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Capítulo 1 - Abertura

“[...]Tinha pesquisado seus álbuns e descobrira uma foto, que mandava junto. Cinco crianças pequenas apareciam nela, posando no terraço de veraõ da casa, com as respectivas Frituleins. As meninas — e talvez eu próprio — usavam colares de flores, e Litta estava em companhia das irmäs menores, Ruth e Eva (Susie, sempre chamada de Peter, ainda não nascera). Eu aparecia com minha irmã Nancy. O pai de Litta marcara a data no verso: 1922. Como estava Nancy? [...]” (pg. 15).

“Também tenho a mesma foto. No álbum de família, que acabou ficando comigo, último sobrevivente entre meus pais e irmãos, as fotos do terraço da Villa Seutter representam o segundo testemunho iconográfico de minha existência e o primeiro de minha irmã Nancy, nascida em Viena em 1920.[...]”(pg. 16)

“Como teria sido minha vida se Fraulein Grun, de dezoito anos de idade, uma das três filhas de um joalheiro vienense relativamente pr6spero, não tivesse se apaixonado por um inglês mais idoso, o quarto de oito filhos de um marceneiro judeu vindo de Londres, que emigrara para Alexandria em 1913? Provavelmente ela teria se casado com algum judeu jovem de classe média da Europa Central, e seus filhos seriam austríacos. Como quase todos os judeus austríacos acabaram sendo emigrantes ou refugiados, minha vida subsequente talvez não tivesse sido muito diferente, pois muitos deles vieram para a Inglaterra e aqui estudaram e se tornaram acadêmicos. No entanto eu não teria crescido como cidadão britânico nem teria um passaporte de inglês nato.”(pg. 17)

“O Egito, portanto, não pertence a minha vida. Não sei quando se inicia a vida da memória, mas a maior parte dela não recua a idade de dois anos. Nunca mais la fui desde que o vapor Helouan partiu de Alexandria para Trieste, cidade que acabava de passar da Áustria para a Itália. Tampouco recordo a chegada a Trieste, lugar de encontro de raças e línguas, de opulentos cafés, de lobos-do-mar, e sede da imensa companhia de seguros