Fichamento
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 280. Porto: Edições Afrontamento, 1987.
No livro Um discurso sobre as ciências nota-se que o autor defende que todo conhecimento científico é socialmente construído, partindo de questões sobre o que é verdade e da necessidade de se voltar às coisas simples, à capacidade de formular perguntas simples.
Para Boaventura, começa a deixar de fazer sentido a distinção entre ciências naturais e ciências sociais, que a crise que há entre essas duas ciências tem como polo catalizador as ciências sociais e que para que a crise ocorra é necessário que a mesma recuse toda forma de positivismo lógico ou empírico, de mecanismo materialista ou idealista com a consequente valorização do que se chama humanidades, não visando uma ciência unificada. Na medida em que isso ocorrer a hierarquia entre conhecimento vulgar e conhecimento científico tenderá a desaparecer e a prática será o fazer e dizer da filosofia prática. É notável que o autor aponta no texto que um conhecimento baseado na formulação de leis tem como pressuposto a ideia de ordem e estabilidade do mundo, a ideia de que o passado se repete no futuro. De que o mundo funciona como uma máquina.
O positivismo, para o autor, é a expressão deste modelo. No positivismo só há duas formas de conhecimento científico: as disciplinas formais da lógica e da matemática e as ciências empíricas segundo o modelo mecanicista das ciências naturais. Por isso também indica que as ciências sociais nasceram para ser empíricas.
A partir desta concepção há duas variantes de pensamento. A primeira ressalta as ciências naturais como a concretização de um modelo universalmente válido, o único válido, submetendo as ciências sociais a ele. A segunda prove das ciências sociais que passam a reivindicar um estatuto metodológico próprio, apontando para a subjetividade da ação humana e para o método qualitativo, numa