FICHAMENTO
“É recorrente nos compêndios que apresentam a ideia de uma história da civilização ocidental o equívoco no tratamento do referencial que diz respeito ao continente africano a as suas gentes.” (p.17)
“Em outras palavras, a atividade do conhecer passa a ser reconhecida como um privilégio dos que são considerados mais capazes, mais bem-dotados, sendo-lhes, por isso, conferida a tarefa de formular uma nova visão do mundo, capaz de compreender, explicar e universalizar o processo histórico.” (p.17)
“Significa dizer que o saber ocidental constrói uma nova consciência planetária constituída por visões de mundo, auto-imagens e estereótipos que compõem um “ olhar imperial” sobre o universo.” (p.18)
“Os estudos sobre esse mundo não ocidental foram, antes de tudo, instrumentos de política nacional, contribuindo de modo mais ou menos direto para uma rede de interesses político-econômicos que ligavam as grandes empresas comerciais, as missões, as árias de relações exteriores e o mundo acadêmico.” (p.18)
“Pela ocultação da complexidade e da dinâmica cultural próprias da África, torna-se possível o apagamento de suas especificidades em relação aos continentes europeus e mesmo americano. Quanto às diferenças são tratadas segundo o modelo de organização social e político, bem como de padrões culturais, próprios da civilização europeia.” (p.18)
“Conforme o discurso instituído, teria, havido uma cisão em tempos remotos entre uma África branca com características mais próximas das ocidentais, mediterrâneas e uma África negra que se ignoravam mutualmente porque, separadas pelo deserto do Saara, ficavam impedidas de qualquer comunicação.” (p.18)
“Vale salientar que esse sistema classificatório integrou o discurso político-ideológico europeu justificador tanto