Fichamento "a invenção do conceito científico de cultura"
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
Vanessa Cristina de Paiva Oliveira
1º período de Ciências Sociais
Apontamentos acerca do texto “A Invenção do Conceito Científico de Cultura”
Em primeiro lugar, opõe-se ao conceito científico de cultura aquele cunhado com base em valorações de ordem normativa; portanto, qualquer que seja a noção de cultura num sentido científico, esta deve compor-se de fundamentos descritivos. No entanto, vê-se que as primeiras tentativas não deixam de exibir um cunho ideológico patente e, muitas vezes, de julgar o objeto de estudo. O autor tenta, ao longo do capítulo, esboçar as diferentes acepções e contornos que o termo “cultura” recebe de diferentes teóricos, pautando-se principalmente na dicotomia França x Alemanha, nas quais este termo tem recortes completamente distintos. Edward Tylor - único teórico ao qual Cuche se dedica que não provêm de nenhum destes dois países -, cuja interpretação, apesar de levar em conta as postulações de ambas escolas (francesa e alemã), acaba por enviesar em um evolucionismo linear, para o qual o selvagem caminha em direção ao civilizado, e segundo o qual “civilização” não se aplica à sociedades primitivas. No caminho oposto a esta última consideração está Franz Boas, alemão radicado nos EUA, que se pauta na diferença cultural em detrimento da diferença biológica, pressuposto fundamental do conceito de “raça”. Para ele, ao contrário de Tylor, não existe uma Cultura, no singular, mas várias culturas que coexistem e que, ao contrário do que se praticava, são originais e não podem ser estudadas com base em comparações especulativas, mas tão-somente através da observação empírica. É nele que aparece, portanto, a noção de “relativismo cultural” mais próxima do que temos atualmente. Se temos, em Boaz, esse conceito cultural tão bem delineado dentro dos pressupostos científicos, não podemos dizer o mesmo do que acontece em França. Ali, impera ainda a noção etimologicamente