Fichamento meninos e meninas
O perigo da rua: impasse
“É certo que, em fins do século passado e em princípios deste, a rua, além de sediar o dinamismo do setor terciário, de testemunhar o desenvolvimento das indústrias no ritmo dos operários a caminho do trabalho, bem como o peso da economia informal, é espaço social dos mais ativos nos bairros paulistanos. Nos bairros pobres, é nelas que se reproduzem as brincadeiras entre as crianças, a conversa e também as brigas da vizinhança, o restrito lazer operário’’.
“Mas, a rua é, também, o espaço do ócio, do comportamento visto como imoral, o espaço do crime, o espaço onde se reproduzem formas de sobrevivência tidas como verdadeiramente marginais, onde as misérias sociais estão em permanente e contundente exposição’’.
“O "aumento considerável dos desocupados", a "grande incidência dos pequenos crimes", bem como a "onda de violência cotidiana" - assinala - gera insegurança, apreensão e, consequentemente, a reivindicação, por parte de "alguns setores das classes proprietárias, da classe média e mesmo do operariado", no sentido de que seja ampliado o contingente policial paulistano. ’’.
“A rua é, também, o espaço no qual a pobreza ganha plena visibilidade, mesclando-se à tão questionada marginalidade social, e são tênues os limites que a separam do crime e da delinquência com os quais frequentemente se confunde. ’’
“Ao abrigo do pensamento que enfatiza a influência do meio sobre o indivíduo, a rua encontra nos meninos e meninas abandonados ou já inseridos no mundo da mendicância, da vadiagem, da prostituição, da delinquência e do crime, um fator que definitivamente tende a projetá-la enquanto ambiente social a ser moralmente saneado. Verdadeiro impasse, no entanto, a presença de crianças e de adolescentes nesse controvertido painel de comportamentos dissonantes em