Fichamento linguagem e ideologia
A partir do momento em que se constitui como ciência autônoma, a linguística passou estudar internamente a linguagem. A relação básica entre linguagem e sociedade passou a ser análise das relações internas entre elementos linguísticos. Estabeleceu-se assim a chamada linguística estrutural. Experimentou ela duas situações distintas e até mesmo antagônicas: fastígio e declínio. Numa certa época, foi tomada como “ciência-piloto” das demais ciências humanas. Passou-se a considerar as aquisições da linguística estrutural, que, sem duvida alguma, representam um inegável avanço no âmbito dos estudos linguísticos, como um conjunto de práticas puramente “ideológico”. Uma reflexão ampla sobre a linguagem leva em conta que ela é uma instituição social, o veículo das ideologias, o instrumento de mediação entre os homens e a natureza, os homens e os outros homens. É preciso também ter em conta que a linguagem não é uma instituição social igual as outras. Ela tem suas especificidades. O objeto do nosso trabalho é refletir sobre as relações que a linguagem mantém com a ideologia. As relações entre elas não é também dizer que a linguagem é instrumento de poder e que os segmentos sociais dominantes tentam ridicularizar a palavra dos dominados. A nossa intenção é verificar qual é o lugar das determinações ideológicas neste complexo fenômeno que é linguagem, analisar como a linguagem veicula a ideologia, mostrar o que é que ideologizado na linguagem.
2. Marx e Engels dão as primeiras dicas
Marx e Engels dizem que não se pode fazer da linguagem uma realidade autônoma.
Os dois autores mostram que nem o pensamento nem a linguagem constituem um domínio autônomo, pois ambos são expressões da vida real. Engels explica que nem todas as alterações que se dão nas instituições sociais se devem a causas econômicas e exemplifica essa afirmação com a mutação consonântica do alto alemão, que ocorreu por razões internas ao sistema fonológico. A