Fichamento John Locke
Título: Textos de Locke
Autor: John Locke
Dados da publicação: Os Clássicos da Política volume 1, Ática, 2011.
Introdução
O trecho alude à crítica de Locke à teoria de Robert Filmer acerca da autoridade dos descendentes de Adão sobre os demais homens, a qual justifica o direito divino dos reis. Locke afirma a necessidade de estabelecer outra explicação para a origem do governo, a qual deve buscar sua fundamentação no consentimento entre os homens e não no domínio exercido por alguns sobre os demais. Assim, torna-se essencial diferir o poder de dominação que um pai possui sobre o filho ou que um senhor possui sobre seu servo da autoridade que detém um magistrado sobre seu súdito. Ao governo cabe a autoridade de estabelecer leis e punições às infrações objetivando sempre o bem público.
Do estado de natureza
Locke discorre sobre o estado de natureza, classificando-o como um estado no qual os homens possuem liberdade para agir conforme suas vontades, sendo-lhes vinculante apenas a lei de natureza, a qual consiste na razão. Não há nesse estado superioridade de um homem sobre outro, possuindo todos os mesmos direitos e poderes, decorrendo dessa condição a consideração de que todo homem encontra-se apto a aplicar medidas punitivas a outro na eventualidade de este último agredir a esfera de direitos alheia, consistindo o castigo em uma ferramenta necessária para disciplinar os homens pelo exemplo. Locke reconhece que o governo civil seja preferível ao estado de natureza, mas refuta a tese monárquica defendida por Hobbes, pois, ainda que a prerrogativa dada a cada homem de executar a lei no estado de natureza possa suscitar situações indesejáveis advindas da parcialidade nos julgamentos, tal prerrogativa torna qualquer agressor passível de punição, enquanto a monarquia absoluta tolera injustiças cometidas pelo monarca, também parcial, mas irresponsável. Por fim, Locke afirma ser capaz de demonstrar que os