fichamento inicial
Ingedore G. Villaça Koch (2008)
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p. 102:
O primeiro passo na construção de um texto é a introdução de um objeto-de-discurso na memória textual1 (em geral, por meio de um nome próprio ou forma nominal). Isto é, um novo objeto-de-discurso é construído e introjetado na memória, onde vai preencher um nódulo, ou seja, passar a ter um endereço cognitivo, de modo a ficar em foco e disponível para retomadas ou remissões.
Quando a introdução se faz por meio de um nome próprio, tem-se apenas a nomeação do objeto. Já no caso de se tratar de uma expressão nominal, opera-se uma primeira categorização do objeto-de-discurso, o qual, a cada retomada, pode ser mantido como tal ou, então, recategorizado por outras expressões nominais.
Por vezes, a introdução se faz por meio de um pronome catafórico. Trata-se de um recurso bastante utilizado em textos de caráter retórico, em narrativas de suspense e mesmo em matérias opinativas de periódicos: protela-se a enunciação do objeto, com o fim de convidar o interlocutor a uma especulação sobre qual seria, afinal, o objeto em tela, como acontece no exemplo (1):
(1) Ele era verde, tinha quatro braços e o corpo coberto de escamas; mas o que mais chamava a atenção no extraterrestre era a sua paciência. (Luiz Fernando Veríssimo, Fantástico, Veja, 14/08/1985, p.21)
Uma vez criado um objeto-de-discurso, pode ocorrer a sua retomada (com ou sem recategorização) ou pode haver simples remissão a este objeto. Desta forma, o objeto retomado ou ao qual se faz a remissão vai permanecer em foco, originando-se, assim, uma cadeia referencial.
(...)
A ativação de objetos-de-discurso pode ser ancorada e não ancorada. No primeiro caso, tem-se a introdução na memória de um objeto-de-discurso totalmente novo, sem qualquer apoio (âncora) no texto, ao passo que, no segundo, embora se trate também de um objeto novo, o texto contém âncoras cognitivas com base