Fichamento: HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos – o breve século XX (1914-1991)
Referência bibliográfica: HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos – o breve século XX (1914-1991). São Paulo, Companhia das Letras, 1995. (p. 11-26)
“A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas — é um dos fenómenos mais característicos e lúgubres do final do século xx. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem.”
“De muitas maneiras, esse é um momento de paradoxo histórico nas relações entre capitalismo e comunismo, que na maior parte do século — com exceção do breve período de antifascismo — ocuparam posições de antagonismo inconciliável. A vitória da União Soviética sobre Hitíer foi uma realização do regime lá instalado pela Revolução de Outubro, como demonstra uma comparação do desempenho da economia russa czarista na Primeira Guerra Mundial com a economia soviética na Segunda Guerra (Gatrell & Harrison, 1993). Sem isso, o mundo hoje (com exceção dos EUA) provavelmente seria um conjunto de variações sobre temas autoritários e fascistas, mais que de variações sobre temas parlamentares liberais.”
“Contudo, mesmo tendo sobrevivido — por pouco — ao triplo desafio da depressão, do fascismo e da guerra, o capitalismo ainda parecia enfrentar o avanço global da revolução, que só podia arregimentar-se em torno da URSS, egressa da Segunda Guerra Mundial como superpotência.”
‘Diante disso, é provável que a história do confronto entre "capitalismo" e "socialismo", com ou sem a intervenção de Estados e governos como os EUA e a URSS pretendendo representar um ou outro, pareça de interesse histórico mais limitado — comparável, a longo prazo, às guerras religiosas dos séculos xvi e xvn ou às Cruzadas.’
“Embora o colapso do socialismo soviético e suas enormes consequências, por enquanto impossíveis de calcular por inteiro, mas basicamente