FICHAMENTO: GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial,2009.
De um ideal precário á articulação do óbvio que ainda precisa ser dito
Foi num encontro de sala de aula em meados da já distante década de 1990 que, hoje sei, fui escutado, e o meu precário tomou contornos definidos. Tratava da natureza da linguagem natural humana me dirigindo a ingressantes no mestrado em inglês da Universidade Federal de Santa Catarina, quando surgiu a questão de que as línguas de sinais são línguas naturais tão humanas quanto as demais e que não se limitam a um código restrito de transposição das letras do alfabeto. O trabalho mostrou cenas de sala de aula, como a que a tenho registrada na memoria, do professor virado para a lousa, de costas para a turma, espera para ser escutado. Aprendemos todos a ver como era preciso que esses aprendizes ouvintes antes de tudo construíssem um entendimento do que seria uma língua nessa até então insuspeita modalidade espaciovisual, é obvio que ainda precisa ser dito para mais ouvintes tenham conhecimento do rico universo humano que se faz nas línguas de sinais, com as línguas de sinais, e particularmente com a Língua Brasileira se Sinais, essas LIBRAS que nos toca de perto, se soubermos escutar para vê-la. É grande a satisfação de ter sido escutado naquela tarde na UFSC e de ter participado do inicio do percurso que se revela aqui para tantos quantos venham a escutar.
Ainda é preciso afirmar que LIBRAS é língua? Essa na década de 1960, foi conferido a língua de sinais o status linguísticos, e, ainda hoje, mais de quarenta anos passados, continuamos a afirmar e reafirmar essa legitimidade. A sensação é mesmo a de um discurso repetitivo. Entretanto, para grande maioria, trata-se de uma questão alheia, e pode aparecer como uma novidade que causa certo impacto e surpresa.
Introdução
O que vemos é que o discurso aparentemente “gasto” faz-se necessário,