Fichamento Democracia Participativa x Democracia Radical
“A revisão da teoria democrática deveria emergir com base em critérios de participação política que não se resumam ao ato de votar, realizando uma repolitização global da prática social, criando novas oportunidades para o exercício de novas formas de democracia e de cidadania, transformando relações de poder em relações de autoridade partilhada, nos diferentes espaços de interação social, pressupondo, assim, novos critérios democráticos para avaliar as diferentes formas de participação política e, com isso, valorizar a ideia da igualdade sem inalterabilidade, da diferença, da autonomia e da solidariedade.” (Marques,
2008, p. 58)
A democracia vem sendo alvo de uma série de discussões relacionadas aos seus princípios mais básicos. Especialmente a partir da década de 1980, essas discussões tomam força, uma vez que começamos a notar o início de uma ruptura no paradigma da democracia liberal pela percepção de que sua base ideológica não mais responde aos anseios da sociedade contemporânea. Além disso, a estrutura da democracia idealizada na Idade Moderna é, embora que de forma sutil, controversa. Na própria proposta de “liberdade, igualdade e fraternidade” constituída naquela época, podemos perceber isto: como conceder liberdade, igualando? Como igualar, concedendo liberdade? A igualdade traz consigo uma concepção de equalização das particularidades dos sujeitos. Para Santos (2005, p. 36):
“(...) não basta a igualdade como ideal emancipatório. A igualdade, entendida como equivalência entre o mesmo, acaba por excluir o que é diferente. Tudo que é homogêneo no início tende a converter-se mais tarde em violência excludente (...)”
Tendo em mente essa concepção de igualdade, é possível pensar na cidadania – aquela que, já que constituída de direitos e deveres, é vista como enriquecedora das possibilidades da subjetividade do indivíduo ao permitir oportunidades e novos horizontes para todos – como redutora da