Fichamento de para além do pensamento abissal
[...] “As distinções invisíveis são estabelecidas por meio de linhas radicais que dividem a realidade social em dois universos distintos: o “deste lado da linha” e o “do outro lado da linha”[...]Tudo aquilo que é produzido como inexistente é excluído de forma radical porque permanece exterior ao universo que a própria concepção de inclusão considera como o “outro”[...] para alem da linha há apenas inexistência, invisibilidade e ausência não-dialética.”
(p. 71)
“Essas tensões entre a ciência, de um lado, e a filosofia e a teologia, de outro, vieram a se tornar altamente visíveis, mas todas elas, como todas elas, têm lugar deste lado da linha. Sua visibilidade assenta na invisibilidade de formas de conhecimento que não se encaixam [...] Refiro-me aos conhecimentos populares, leigos, plebeus, camponeses ou indígenas [...] conhecimentos tornados incomensuráveis e incompreensíveis por não obedecerem nem aos critérios científicos de verdade nem aos critérios dos conhecimentos reconhecidos como alternativos, da filosofia e da teologia.”
(p.72-73)
[...] “O outro lado da linha compreende uma vasta gama de experiências desperdiçadas, tornadas, invisíveis, assim como seus autores” [...]
(p.73)
“A primeira linha global moderna foi provavelmente a do tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha (1494), mas as verdadeiras linhas abissais emergem em meados do século XVI[...] De meados do século XVI em diante, o debate jurídico e político entre os Estados europeus a cerca do Novo Mundo concentra-se na linha global [...] O colonial é o estado de natureza, onde as instituições da sociedade civil não têm lugar” [...]
(p.74)
[...] “a zona colonial é por excelência o universo das crenças e dos comportamentos incompreensíveis” [...]
(p.75)
“A apropriação e a violência assumem formas diferentes nas linhas abissais jurídicas e