Ferreira Gullar
Palavras Chave: Ferreira Gullar, Poema sujo, polifonia.
Introdução
Este trabalho analisa os vários estratos de Poema Sujo, livro/poema de Ferreira Gullar concebido em 1975 e publicado em 1976, período em que o poeta estava exilado em Buenos Aires. Obra que o consagrou, sua importância decorre não apenas do momento histórico em que foi escrita, mas também do valor estético que possui. Trata-se, segundo Alcides Villaça, de uma “[...] tentativa de recuperar, pela força da memória e da poesia, o retrato do indivíduo no conjunto de um retrato social”¹. Sociedade e indivíduo, subjetividade e lirismo, linguagem e participação social são elementos fundamentais para a análise de Poema sujo. O foco da pesquisa está na análise estrutural da obra, levando em consideração que do ponto de vista temático não há novidade em Poema sujo, pois as “matrizes poéticas”¹ que o compõem são semelhantes àquelas presentes nos livros anteriores de Ferreira Gullar. Entretanto, conforme assinalou Bosi: “Poema sujo resume toda a poética de Ferreira Gullar, trazendo ecos das vozes juvenis e fazendo pressentir a polifonia dos motivos e formas que comporiam seus futuros poemas”². Poema sujo é, portanto, obra de maturidade poética de Gullar, merecedora de estudos que possam reconhecer no texto seus valores intrínsecos e nos diálogos extratextuais, sua riqueza polifônica.
Objetivos
Segundo Villaça¹, Poema Sujo é formado por “sequências internamente soltas e arrebatadas, do ponto de vista do ritmo e das analogias, mas subordinadas a um verdadeiro sistema de construção”, sendo um dos objetivos deste trabalho analisar a maneira como esse “sistema de construção” engendra-se culminando em uma unidade significativa e estética.
Material e Métodos
O desenvolvimento da pesquisa é fundamentado na leitura de obras críticas selecionadas sobre a produção poética de Gullar, como a tese de Doutorado de Alcides Villaça, intitulada A poesia de