Poeta Ferreira Gullar
Biografia e poema Traduzir-se
Biografia
José Ribamar Ferreira
Nasceu em São Luís, Maranhão, no dia 10 de setembro de 1930.
Publicou seu primeiro livro com 19 anos nomeado de "Um pouco acima do chão",
Em 1954 abriu caminho para a "Poesia Concreta", com o livro "A Luta
Corporal"
Organizou e liderou o grupo "Neoconcreto", no qual participaram Lígia
Clark e Amilcar de Castro
No ano seguinte rompeu com os concretistas e se aproximou da realidade popular e politica
Em 1964, após o golpe militar, Ferreira Gullar é preso e exilado em Paris e depois em Buenos Aires. Em 1977, é absolvido pelo STF e retorna ao Brasil.
Em 1976 publicou o “Poema Sujo”
E em 1980 publicou o livro “Na Vertigem do dia”, que traz o poema
Traduzir-se
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira. Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem. Traduzir-se uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte -
Análise do poema
O poema Traduzir-se, está escrito na primeira pessoa e nos leva a crer que o eu-lírico está tentando traduzir a si mesmo, fazer uma autoanalise.
O sentido de traduzir no poema é o autoconhecimento, de uma descrição de si mesmo.
Na primeira estrofe já e possível notar a dualidade, que vai estar presente ao longo de todo o poema.
“Uma parte de mim
É todo mundo
Outra parte é ninguém
Fundo sem fundo”
E assim, ele segue durante todo o poema, mostrando os seus dois lados e tentando resumir essas partes pra pode
Na última estrofe, Ferreira Gullar diz:
“Traduzir uma parte
Na outra
- que é questão
De vida ou morte –
Será arte?”
Ele tenta traduzir as duas partes, ou seja, interpreta-las e acaba com uma pergunta: “Será arte?” O poema Traduzir-se