Fernando pessoa dor de pensar
“A dor de pensar…”
Subjugado pelo poder do pensamento e da imaginação, Fernando Pessoa deseja experienciar estados de inconsciência despoletados pela intelectualização do sentir.
Fernando Pessoa foi dos que mais sofreram com o terrível paradoxo. Vocacionado para o exercício exaustivo de uma inteligência esquadrinhadora que, na clausura do “eu”, é vizinha impotente do caos obscuro da vida, e cuja presença vigilante se manifesta até quando a intuição ou a imaginação poéticas alcançam a sua hora, experimentou, a par do orgulho de conhecer afirmando-se contra a voragem, a pena mais frequente de lhe ser inacessível a felicidade dos que não conhecem. O privilégio de uma extraordinária licidez paga-se caro.Quanto mais humano mais desumano.
Jacinto do Prado Coelho, in Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa. Ed. Verbo
“Gato que brincas na rua”
• A imagem-símbolo é o gato que brinca na rua, de forma instintiva e natural – “como se fosse na cama”. • O sujeito poético inveja esse viver instintivo do gato, a sua irracionalidade e, consequentemente, a sua felicidade. • A tomada de consciência por parte do “eu” lírico da fragmentação interior que o domina – “vejo-me e estou sem mim”. • A auto-análise permanente – “conheço-me e não sou eu.”
Fernando Pessoa foi dos que mais sofreram com o terrível paradoxo. Vocacionado para o exercício exaustivo de uma inteligência esquadrinhadora que, na clausura do “eu”, é vizinha impotente do caos obscuro da vida, e cuja presença vigilante se manifesta até quando a intuição ou a imaginação poéticas alcançam a sua hora, experimentou, a par do orgulho de conhecer afirmando-se contra a voragem, a pena mais frequente de lhe ser inacessível a felicidade dos que não conhecem. O privilégio de uma extraordinária licidez paga-se