fernando pessoa
Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Por ter sido educado em África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter uma maior familiaridade com o idioma inglês que com o português ao escrever seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico literário Harold Bloom considerou Pessoa como "Whitman renascido", e incluiu no seu cânone entre os 26 melhores escritores da civilização ocidental, não apenas da literatura portuguesa mas também da inglesa.
“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.” Fernando pessoa
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
Análise de “Autopsicografia”
“O poeta é um fingidor” é o tema apresentado no poema. Significa que, no poema, o poeta finge uma dor que não coincide com a dor que realmente sente. Essa não é a dor escrita, pois esta é uma invenção criada pela imaginação. Os leitores, ao lerem o poema, sentem uma dor, mas não a que o poeta sentiu nem a que ele escreveu, que é a sua não dor.
A ultima estrofe apresenta nos, de forma metafórica, uma relação entre a razão e o coração. O coração é apresentado como um comboio de corda, um brinquedo que se movo orientado pelos carris em que se move. A razão é uma realidade á parte, mas simultaneamente estimulada pelo coração.
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro foi um personagem fictícia criada por Fernando Pessoa, sendo considerado o Mestre Ingénuo dos restantes heterónimos e do seu próprio autor, apesar de apenas ter feito a instrução primária.