Fernando Pessoa Ortónimo
Pessoa Ortónimo.3
Na poesia de Ortónimo coexistem duas vertentes: a tradicional e a modernista. Algumas das suas composições seguem na continuidade do lirismo português, com marcas do saudosismo; outras iniciam o processo de ruptura, que se concretiza nos heterónimos ou nas experiências modernistas;
A poesia, cujo conjunto Pessoa queria dar o título Cancioneiro, é marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade pura e a frustração que a consciência de si implica;
Pessoa procura, através da fragmentação do eu, a totalidade que lhe permita conciliar o pensar e o sentir. A fragmentação está evidente, por exemplo, em Meu coração é um pórtico partido, ou nos poemas intervencionistas Hora Absurda e Chuva Obliqua;
O intervencionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade surge como tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência;
O Ortónimo tem uma ascendência simbolista evidente desde os tempos de Orpheu e do Paulismo;
A poesia do Ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica com a própria criação poética, como impõe a modernidade. O poeta recorre à ironia para por tudo em causa, inclusive a própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a construção da arte;
As temáticas:
1. O sonho; a intersecção entre o sonho e a realidade;
2. A angústia existencial e nostalgia;
3. A distância entre o idealizado e o realizado – e a consequente frustração;
4. A mascara e o fingimento como elaboração mental dos conceitos que exprimem as emoções ou o que quer comunicar;
5. A intelectualização das emoções e dos sentimentos para elaboração da arte;
6. O ocultismo e o hermetismo;
7. O sebastianismo;
8. Tradução dos sentimentos na linguagem do leitor, pois o que sente é incomunicável;
Características temáticas:
. Identidade perdida (“Quem me dirá sou?”) e incapacidade de autodefinição (“Gato que brincas na rua (...)/ Todo