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Final - Jogo 16
Estádio Jornalista Mário Filho, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Tomo coragem e me aproximo da primeira mulher, sentada no batente da escada que vai dar em uma academia de artes marciais. O sol de quase verão faz brilhar seu rosto escuro.
Não é comum abordar desconhecidos, ainda mais para perguntar o nome, mas era exatamente isso que eu queria da mulher. Cruzava com ela quase todo dia, indo e vindo, sentada em batentes ou dormindo debaixo de marquises. Fosse como fosse, parei decidida a entrar na sua órbita.
Feita a pergunta, ela me fitou com olhos avermelhados, cuspiu para o lado e depois de acompanhar o trajeto da saliva, respondeu com a cabeça voltada na direção do vento.
- Esqueci.
A resposta só aguçou minha curiosidade.
- Tenta lembrar, seu nome não é Luzia? Você tem cara de Luzia, sabia?
- Luzia sabia não é meu nome não.
- Então é só Luzia?
- Só Luzia também não me chamo não.
- Me diz como você se chama.
- Não me chamo Luzia sabia nem só Luzia.
- Tudo bem, esquece.
- Esqueci, repetiu dando outra cusparada, dessa vez quase me acertando o braço.
- Você parece uma princesa.
Além do olhar, recebi de volta alguns dentes no meio da boca, sem saber se era um sorriso ou simples movimento da face. Os trapos cruzados nos ombros, nos quadris e nas pernas davam a ela um porte de princesa.
Encontrava a mulher de manhã cedo, se espreguiçando em cima de tiras de papelão, tentando ajeitar os panos, limpando os olhos com saliva. Acompanhei por duas ou três quadras sua busca por comida ou alguns goles.
Quando era só isso que conseguia, se animava por instantes, erguia a cabeça e desfilava para ela mesma. Mais adiante se encostava em qualquer canto, as pernas abertas, o olhar desfocado, a cabeça mal se sustentando no tronco. Ou então colocava os braços em volta dos joelhos, cabeça entre as pernas e assim ficava, muda e tonta. Nada por