feminismo
As Meninas DE IBIÚNA, MILITANTES E OPRiMIDAS
Priscila Fernanda da Costa Garcia (Ciências Sociais - Universidade Estadual de Londrina)
Renata Cristina Gonçalves dos Santos
Este projeto pretende investigar a relação entre feminismo e a “esquerda política” no Brasil durante a ditadura e seus reflexos nas militantes, a partir da análise específica do 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) realizado em Ibiúna, interior de São Paulo, em meados de outubro 1968. Busca-se compreender, no interior da militância de esquerda do período, a participação política das mulheres, quase sempre ocultas nas pesquisas que apresentam os “estudantes” como seres genéricos, frequentemente desprovidos de sexo, raça/etnia. O ponto de partida da investigação é, de um lado, o exame de algumas fichas das mais de 150 mulheres presas durante o congresso e, de outro, a realização de entrevistas com algumas daquelas mulheres. A partir da experiência do Congresso, pretende-se analisar que lugar ocuparam na estrutura organizativa e qual relação estabeleciam com os companheiros de luta e com outros setores da sociedade. Compreende-se esta relação em um momento político turbulento, às vésperas do surgimento do feminismo de segunda onda no Brasil, o qual algumas dessas mulheres contribuíram para a construção.
Palavras-chave: Feminismo, Ditadura, Movimento estudantil
O ano de 1968 foi um dos mais importantes no curto século XX. Como escreve Almeida (2007), “ao contrário do que muitos pretendiam, sob as mais diversas formas (ação política direta, novos modos de vida, inovações estéticas de vanguarda ou de massa), não se transformou o mundo, mas muita coisa mudou” (2007, p. 12). A revolução socialista estava na ordem do dia mundo afora. Aqui no Brasil também, mas o contexto era o de ditadura militar. O dia 31 de abril de 1964 marcou fim do governo de João Goulart e a instauração da ditadura, tendo vários governos, e sendo fortalecida